Escola São José de Conventos

“Relatos orais de pessoas da comunidade, artigos de Olavo Black e de Valdemar Richter retratam que os primeiros professores da comunidade ministravam as aulas nas suas próprias casa, sendo lembrados atualmente os nomes dos professores Massmann e Noschang. Posteriormente, a Escola funcionou em uma capela feita de madeira. Na Escola Capela, Adão Rockenbach era o professor por volta de 1877 até 1885.

O professor Adão rockenbach chegou em Conventos em 1877, a convite do governo do Estado, e começou a lecionar na pequena capela de madeira. O prédio, construído com muito sacrifício pelos membros da comunidade local, também servia para reunir os moradores em oração. O professor deslocava-se até a escola a cavalo, pois a sua moradia ficava a 4 km do educandário. Para resolver o problema da distância, em 1885 comprou a casa da família Richter e aproveitou-a, a partir de então, para ensinar em sua própria moradia.

No início, Adão instruía somente os meninos. Mais tarde, passou a atender em separado as meninas, e gratuitamente, como relatam descendentes da família Rockenbach. O professor Adão ministrava suas aulas em português e alemão e também atendia crianças evangélicas, enquanto as escolas evangélicas ensinavam somente a língua alemã.

Em 1916 Adão começou uma mobilização para construir uma escola. Doou parte de suas terras e o restante foi doado por Fialho de Vargas, segundo o pesquisador Olavo Black. O primeiro prédio escolar foi então construído onde atualmente é o cemitério católico de Conventos. De acordo com relatos de ex-alunos, foi devido à nacionalização, da época da segunda Guerra Mundial, que a escola recebeu o nome de Maurício Cardoso.

Somente em 14 de janeiro de 1925 criou-se oficialmente a Comunidade Escolar São José dos Conventos, que tinha poderes legais de gerir o funcionamento da Escola. A comunidade foi registrada no livro de Registros de Pessoas Jurídicas, na cidade de Lajeado, em 23 de abril de 1925.

A Comunidade Escolar São José dos Conventos comprou, sob a liderança de Adão Aloísio Rockenbach, nova gleba de terras com casa de moradia, onde atualmente se localiza a escola. A aquisição ocorreu em 23 de abril de 1925, de Guilherme Pfluck. Nessas terras, foram construídos nova igreja, escola, campo de futebol do Esporte Clube Estudientes e Salão da Comunidade.
Transcrevem-se alguns trechos, com escrita original, do Estatuto da Comunidade Escolar São José dos Conventos, de 1925, que consta em arquivo original existente na Escola:
[…] A Comunidade Escolar São José dos Conventos tem por fim promover uma boa e profícua educação physica e intellectual aos filhos dos seus associados. O direito de sócio poderá obter todo o habitante cathólico residente nesta picada. E logo que esteja de posse de uma propriedade elle é obrigado a tornar-se sócio. Adeptos de outra religião não poderão obter para si o direito de sócio, mas podem conseguí-lo para membros cathólicos da família. O professor é eleito pela assembleia da comunidade e sancionado pelo Padre Vigário, e só então empossado no seu cargo. O professor tem o dever conscencioso de dirigir a escola o melhor possível. Da comunidade tem a esperar, que os paes lhe dêem confiança e o auxiliem o mais possível na tarefa da educação. A frequência obrigatória da escola será de quatro annos, e a instrução diária de quatro horas. Dado o grande valor do conhecimento da língua pátria e materna, o professor deverá empregar toso os esforços para ensinar conscenciosamente as duas línguas. O prospecto de instrução comprehenderá as seguintes matérias: Religião (Bíblia e catecismo), Portuguez, Allemão, Arthmética, História Pátria, Geographia, Canto, e se o tempo permitir, Gymnástica.

Escola Particular Maurício Cardoso – alguns professores

Em 1921, o professor Nicolau Mallmann lecionou na escola, abandonando a profissão posteriormente. O Professor Viktor Schriner trabalhou na escola de 1º de fevereiro de 1925 a 15 de setembro de 1930. Schriner nasceu na Alemanha e imigrou para o Brasil em 1922. Naquele país havia muitas dificuldades nos tempos pós a 1ª Guerra Mundial. Professor formado, sem perspectiva de trabalho, Schriner resolveu mudar-se para o Brasil. Casou-se em 1925 com Elsa Maria Busschel. No final de 1930, retornou para a Alemanha devido a problemas de saúde de seu filho Norberto.

Em setembro de 1930, assumiu a escola o professor Eichberger, que morava em Alto Conventos. Ele trabalhava também naquela localidade, atendendo, a partir daquela data, as duas escolas. Eichberger era natural da Alemanha. Segundo Olavo Black, era considerado pela comunidade um ótimo professor, pessoa culta, de fácil trato e bom convívio. Eichberger veio para o Brasil solteiro e, passado algum tempo, foi para a Alemanha buscar sua noiva e futura esposa, D. Maria, com quem teve uma filha, Gerda. Faleceu em 1937. Após esse fato, D. Maria e a filha retornaram a seu país de origem.

Em 1940, começou a lecionar na escola o professor Bruno Mallmann, que era natural  da comunidade de Conventos e formado no Seminário Diocesano de São Leopoldo.

O Professor Thomas, de Venâncio Aires, ministrou aulas na escola no ano letivo de 1942. Estudou no Colégio dos Irmãos Maristas e aprofundou seus estudos no Lehrerseminar, em Estrela. Depois de um ano de trabalho na Escola em Conventos. Thomas mudou-se para o município de Arroio do Meio, onde assumiu a direção da escola de Capitão.

De 1943 até dezembro de 1946, atuou como professor na escola Ivo Beuren, que nasceu em Conventos. Beuren abandonou o magistério para ingressar na Exatoria Estadual.

Em janeiro de 1948, assumiu o educandário o professor Vitório Bohn. Era formado pelo curso preparatório no Seminário dos Padres Seculares de Gravataí. Na época era solteiro e residia, com a mãe, que era viúva, na casa da comunidade que servia de moradia para os professores. As pessoas da comunidade ajudavam no plantio das terras e na colheita. Mais tarde, Vitório abandonou o magistério e passou a dedicar-se à profissão de fotógrafo para sustentar a família. Teve quatro filhos.

De setembro de 1950 até agosto de 1951, a escola contou com o trabalho do professor Emílio Rauber.

Em seguida, como substituto até maio de 1952, no educandário lecionou João Hammes, o qual era agricultou e não tinha formação para atuar no magistério. Também no ano letivo de 1952, ministrou aulas naescola o professor Vendelino Mees, natural de Santa Cruz do Sul.

No mesmo ano, retornou para  escola o professor Penz, que já havia atuado na instituição no ano de 1947. José Bruno Penz foi diretor e professor da escola particular Maurício Cardoso durante 34 anos. Penz tinha formação em nível superior em Letras, obtida no ano de 1971.

No início das atividades do professor, a escola ainda se situava onde é atualmente o cemitério Católico de Conventos. Conforme sua esposa, Lori Endler Penz, o casal morou na casa que servia de moradia para os professores, pertencente à Comunidade Escolar São José dos Conventos. Além de lecionar, Penz ainda cultivava a terra, para assim melhorar as condições de sustento de sua família.

O professor Penz dedicou-se muito à comunidade e à escola. Lecionou cinco anos no Ensino Supletivo à noite, ajudou na liderança da construção da nova escola, colaborou nas festividades da comunidade, hospedava padres e bispos em sua residência. Foi regente do Coral Santa Cecília da localidade e dedicou-se à catequese de eucaristia e crisma das crianças da comunidade por aproximadamente quarenta anos.

Na sua gestão foi construído o atual prédio da escola, que pertencia à comunidade escolar São José dos Conventos. Antes da fundação da comunidade, isto ´[e, antes de 1925, a escola não possuía terras. Funcionava em prédio construído em 1916, o qual foi demolido em 1964.

Segundo relatos de ex-alunos e ex-professores da escola, em 1964 iniciou-se a construção da escola atual. Enquanto a nova era construída e a velha demolida, os alunos da escola foram atendidos na Igreja São José de Conventos. A inauguração do novo prédio da Escola Maurício Cardoso ocorreu em 1965. A construção foi edificada pelos sócios, com ajuda do Governo do Estado, verbas de deputados, lucro de festas, sendo utilizado também o material do antigo prédio escolar.

Na Ata da Assembléia Geral extraordinária realizada em 09 de abril de 1962, na Igreja São José dos Conventos, consta a intenção de construir uma grande escola, com pelo menos três salas de aula. Registra também que o professor local, no caso José Bruno Penz, deveria lecionar em uma dessas salas. Somente na Ata do dia 06 de janeiro de 1964 há novamente registrado o objetivo de edificar novo prédio para a escola.

A Assembléia contou com a presença do padre Érico Schmitz, a diretoria escola e grande parte dos sócios. Na oportunidade foram discutidos vários assuntos: o professor não cobraria mais mensalidade dos pais dos alunos, porém os sócios que encaminhavam os filhos em idade escolar pagariam quinhentos cruzeiros anuais para a caixa escolar; os sócios que não tinham filhos em idade escolar contribuiriam com duzendo cruzeiros anuais; e os não sócios pagariam cinquenta cruzeiros mensais para o caixa escolar. Em seguida, o padre vigário solicitou que a comunidade começasse a construção da escola.

Em março de 1985, o professor Bruno Penz aposentou-se. Na época trabalhavam na escola as professoras Elisabete Penz, Olívia Wenzel e Lenise Ulsenheimer. Em assembléia com a diretoria e membros do Círculo de Pais e Mestres, juntamente com o padre vigário Marino Bohn, realizou-se a votação para eleger a nova diretoria da escola, sendo Elisabete Penz a mais votada.

Municipalização da escola.

Em 1990, o Secretário de Educação e Cultura, professor Geraldo Eugênio Daroit, encaminhou pedido de municipalização da Escola Maurício Cardoso, situada no bairro Conventos, em caráter emergencial, considerando:

* O grande número de famílias estabelecidas na localidade de Conventos;

* A inexistência de escola pública próxima para receber a clientela oriunda das migrações internas;

* A solicitação da comunidade local para criação de uma escola municipal;

* O espaço físico disponível, com a construção do prédio concluída;

* A Nova Constituição, que prevê o oferecimento de ensino obrigatório pelo Poder Público.

Segundo a professora Elizabete Penz, em junho de 1993, aconteceu Assembléia na escola que tratou da municipalização da escola particular. Conforme consta na ata de reunião, não seriam mais permitidas cedências de professores públicos para escolas particulares. Na ocasiação estiveram presentes a diretoria da Comunidade Escolar São José dos Conventos, os descendentes dos sócios-fundadores da Comunidade Escolar e o secretário de educação do município, Frederico Backes. Após estudo e discussão do assunto, ficou decidido que a escola deveria ser municipalizado. O prédio seria alugado pela Prefeitura, porque a Comunidade Escolar São José dos Conventos não poderia mais arcar com todas as despesas de sua manutenção.

Em 9 de junho de 1993, o Conselho Municipal de Educação e Cultura de Lajeado emitiu parecer favorável à municipalização da Escola Particular Maurício Cardoso a contar do ano seguinte. O documento também autorizava os processos de cessação de atividades da escola particular e a criação da escola municipalização e sua autorização de funcionamento.

O imóvel no qual o educandário exercia suas atividades era particular, tendo sido o prédio, equipamentos e instalações locados ao município para funcionamento da escola municipal. O Conselho Municipal de Educação e Cultura recomendou que a nova escola mantivesse a denominação Maurício Cardoso, já tradicional e amplamente conhecida, para que continuasse o vínculo cultura, focando a caracterização da identidade e valorizando a história da escola. Contudo, não houve consenso entre os pais dos alunos da Escola e os membros da comunidade, sendo adotada a denominação Escola Municipal de 1º Grau Localizada em Conventos.

A escola, com 198,75 m², dispunha de terreno com 4.950m². O prédio, novo, de alvenaria, contava com quatro salas de aula e demais dependências. Para Educação Física e Recreação, havia uma área livre de 2.200m².

Em outubro de 2005, a Comunidade Escolar São José dos Conventos decidiu pela doação de uma área de terras de 5.540,75m² e o prédio escolar para a Prefeitura Municipal de Lajeado, após reuniões com a Comunidade Escolar, a diretora Sonia Porto Cardoso e a secretária de educação Rejane M Thomas Ewald. A doação foi efetivada para que a prefeitura destinasse recursos para a ampliação do prédio escolar. A nova construção culminou com duas novas salas de aula, sendo uma para alunos da pré-escola, com banheiros, uma biblioteca e uma área coberta.

Durante a construção do novo prédio foi necessária a remoção da pedra angular, colocada na inauguração do prédio em 26 de outubro de 1969. Na oportunidade, o pedreiro responsável pela obra percebeu que, além da placa, havia um buraco mais profundo e, dentro dele, uma garrafa intacta  contendo em seu interior uma ata de 1969 sobre a inauguração do prédio escolar, escrita pelo diretor da época, José Bruno Penz. No local também foi encontrado um exemplar dos Jornais Correio do Povo e um do Correio rural, de 18 de outubro de 1969. A descoberta despertou a curiosidade de alunos e professores que trabalharam em sala as edições antigas dos Jornais e a ata, a qual também foi apresentada para toda a Comunidade.

Até essa data, a Escola ainda denominava-se Escola Municipal de Ensino Fundamental Localizada em Conventos, o que para muitos não era adequado, visto que o educandário tem uma bonita história de luta e conquistas ao longo dos anos. Começou-se então uma mobilização para a escolha dos nome da Escola, tendo o apoio da Senhora Prefeita, Carmen Regina Cardoso, que sempre demonstrou interesse pela troca do nome do educandário. Em Assembléia com toda Comunidade Escolar, decidiu-se pelo nome de Escola Municipal de ensino Fundamental São José de Conventos, uma vez que a Comunidade Escolar também denomina-se assim desde 1925.

(…)

…biblioteca. Esta recebeu o nome de Biblioteca Fialho de Vargas em homenagem ao fundador e patriarca de Lajeado e também um dos primeiros proprietários da Fazenda São José dos Conventos, atual bairro Conventos, de quem os primeiros imigrantes alemães, antepassados de grande parte dos alunos da escola, adquiriram suas terras.  (…)

GRAEBIN, Cristini et al. Memórias das escolas municipais de Lajeado / RS1. ed. Lajeado RS: Ed da Univates, 2010. 135 p. ISBN 978-85-98611-85-3.

Nota: Guilherme pode ser considerado Wilhelm em alemão.

Recomendo a leitura do trabalho “HISTÓRIA E MEMÓRIA: COMUNIDADE CATÓLICA SÃO JOSÉ DOS CONVENTOS/RS (DE 1855 AOS DIAS ATUAIS)” de Andressa da Silveira Menezes, que retrata o contexto histórico sobre a comunidade e a escola..